sexta-feira, 1 de abril de 2011

Testamento de Babalorixá



Meu Testamento

Deixo por meio deste instrumento virtual os meus últimos desejos e disposições... Deixo aos meus filhos e filhas a doçura e o consolo dos Orixás, o amparo que nos Dão nas piores horas, e o peso de ser o melhor pra Eles a cada dia. Deixo as noites acordado na beira da mesa do Ifá, vendo desfilarem vida e morte diante dos olhos, deixo o telefone tocando de madrugada, as noites insones no quarto-de-santo. Deixo a alegria de ver nascer um Orixá e a tristeza de ver o pouco caso do filho. Deixo a tristeza das ingratidões e o mal-estar de ter que repreender a quem se ama. Deixo a agonia de ver os passos errados e não poder evita-los. Deixo a solidão quando tudo vai bem e te esquecem e a solidão quando tudo da errado e te abandonam. Deixo os axés de misericórdia arriados sem saberem e os axés de maledicência tornadas públicas. Deixo as dívidas da fé, e a fé duvidosa de quem te procura... Deixo as manhãs cinzas e as noites escuras...deixo o peso de não ter direitos e somente deveres... E meus filhos, quando se apossarem desse meu legado, talvez entendam o que é ser Pai-de-santo... 
 
 
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Texto extraido do blog de Milton de Bara
http://miltondolode.blogspot.com

 
 

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