sábado, 15 de agosto de 2009

Não é difícil encantar-se com o candomblé.



O Titulo desse texto também poderia ser, Não é difícil encantar-se com o Batuque.

Esse texto é gentilmente cedido pela amiga Carol, mesmo sendo de candomblé é um texto muito inteligente e cabe bem no cotidiano da Religião dos Orixás “batuque”, realizada aqui no Sul, pois fala de uma realidade que acontece em todos os Ilês e deixo aqui para deleite dos irmãos de Fé.

Não é difícil encantar-se com o candomblé. Por Carolina Cunha
Ainda mais se você for a uma festa de Orixá, é um apelo a todos os sentidos, as comidas, a beleza visual dos Orixás, as músicas e som dos atabaques, a alegria, tudo é um deleite dos sentidos.
As pessoas buscam sua felicidade na vida presente, não há um adiamento para a próxima vida, ou para quando você for para o céu, como muitas religiões pregam. Só esses elementos já são um convite, ainda mais vivendo na sociedade em que vivemos que tolhe o ser humano, condena o prazer que os sentidos nos oferecem e ainda adia, para outra época, a tão sonhada felicidade.
O problema é que muita gente entra no candomblé pensando que tudo são flores e esquecem que como tudo que é humano, a religião é composta de seres humanos e imperfeições são encontradas em todos os lugares. Os espinhos começam a aparecer.
O indivíduo quer saber, conhecer, devassar os fundamentos e muitas vezes certos conhecimentos só chegam com o tempo, ou só serão revelados quando o zelador julga que estamos preparados para tal.
A pessoa acha que porque é iniciada, certas coisas, coisas ruins, não vão lhe acontecer, ledo engano. “Porque sou feita de Orixá, minha vida pregressa não vai mais me afetar e as coisas que eu fiz não vão voltar”. Lei do retorno existe, funciona e não deixa de exercer seus efeitos porque você foi iniciado.
O planeta que vivemos não é perfeito e como cada um faz o que é bom pra si, nem sempre o que é bom pra fulano é bom pra ciclano, e aí chegam os problemas. Falta dinheiro, falta amor, conflitos em família e chega então a desilusão, a perda da fé. Aí que começam realmente os problemas, porque a criatura sai desorientada pelo mundo achando que ebó resolve tudo, que “Pombagira vai solucionar todos os problemas”, que “num-sei-quem tá fazendo feitiço para mim”, que “eu tenho que me defender”, e haja ebó, haja oferenda.
Já li muitos comentários, nesta casa, que nos alertam da necessidade de uma reforma íntima para que nossos pedidos sejam aceitos e que a ajuda chegue até nós. Os pedidos são feitos e a pessoa acha que só porque pediu vai receber, me parece mais Gregório de Matos que pecava porque acreditava que Deus tinha obrigação de lhe perdoar.E como a Igreja alimentava,pois era só confessar,rezar o que padre mandava e “Estás livre do pecado!” era um ciclo sem fim…É só uma forma de explicar que ninguém no universo tem obrigação de nos ajudar porque pedimos ou queremos ajuda. Na nossa religião não existe pecado!
É preciso bom senso acima de tudo, e o que vejo é que falta bom senso em boa parte das pessoas, porque não há análise crítica das situações, é mais fácil seguir o que os outros pedem do que sentar, e realmente gastar o tutano pensando sobre os assuntos que nos afligem. No por quê de certos acontecimentos, no que eu posso aprender com isso, onde estou errando, qual seria o objetivo desse acontecimento em minha vida, o que a espiritualidade quer me mostrar?
Agradar aos Deuses não vai nos trazer experiência de vida, vai nos fazer viver melhor nossa vida, creio que ajuda a pessoa a ver as coisas com outros olhos, pois abre-se um canal de comunicação entre você e seu Deus interior e seus Orixás, as oferendas são uma forma de dizer: “Meu pai, minha mãe, estou aqui, aberto às suas mensagens, me mostre o caminho”.
Mas se você não estiver aberto para receber a mensagem, você pode fazer o maior ebó do mundo, de nada vai adiantar. É preciso ter olhos para ver certas coisas, e perceber a mão de alguém te guiando por um caminho melhor.
Desentendimento com zelador é algo que não falta, “ele não quer me ensinar”, “ele não quer me dizer”, “ele fez errado”. Eu sei que existem pessoas que vivem de enganar as pessoas na sua fé nos Orixás, mas como é que você vai se entregar nas mãos de qualquer um?Fazer santo é que nem casar,é coisa séria, porque a pressa de fazer? Namorar é tão bom, noivar também, tudo tem sua fase e as etapas não podem ser queimadas como vem acontecendo na vida real. Para realizar sua união com uma casa de axé as coisas não podem ser como vêm acontecendo. É preciso o envolvimento inicial, identificação com a casa, ver como as coisas funcionam, observar como os filhos mais velhos se comportam, como o pai-de-santo age,será que você se adequaria àquela realidade? Será que conseguiria ter o comportamento que uma filha que ele gosta, tem?
Tem zelador que faz questão de respeito à hierarquia, lugar de Yaô é no chão, comendo de mão e cabeça baixa. E você, se entra num lugar desses vai ter que agüentar isso por sete anos, se mantiver as obrigações em dia. (Não vejo mal algum nesse estilo de administrar,mas tem gente que se sente humilhado) Então muitos não querem agüentar ou não aguentam, e mudam de casa como quem troca de roupa.
Mudando de assunto, os africanos sempre tiveram uma relação muito forte com a natureza. A religião africana (ou de origem africana) certamente reflete isso e somente quando nos baseamos no equilíbrio e no respeito ao tempo e a individualidade de cada um, observaremos casas com iniciados satisfeitos, zeladores estimulados e Orixás em festa.
E essas casas existem. Pois se existem lugares e pessoas que seguem o caminho dentro da casa de axé e da religião normalmente, sem pressão, sem inimizades, sem fofocas como deveria ser com todos, concluo que deve ser nessas casas que o respeito e o equilíbrio fizeram morada. Esses lugares são os exemplos que nos fazem seguir em frente e acreditar que é possível reformular sem perder hierarquia, sem perder o respeito dos iniciados, sem perder força, sem perder filhos.
Mas como é nossa cultura (cultura do brasileiro) falar do que não está bom, criticar, reclamar, geralmente os bons exemplos se mantêm no anonimato. Resta-nos garimpar, buscar esses casos de sucesso para que sirvam de pão de cada dia para nossa alma sedenta de felicidade,de júbilo e axé.
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Texto de: Carolina Cunha

DIREITO AUTORAL


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Por Pai Léo de Oxalá