sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

MARCHA ESTADUAL




I MARCHA ESTADUAL PELA LIBERDADE RELIGIOSA



DIA 21 DE JANEIRO



Local: Largo Glênio Peres, concentração apartir das 16 hs,
Após saudação ao Bará do mercado e 18hs saída,







Percurso: Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares, onde será realizado as 19:30 hs, um ato pelo respeito à Territorialidade e Ancestralidade negro-africana e em memória dos quilombolas “assassinados” no Quilombo dos Alpes, vitimados pela violência racista.







Saindo do Largo Zumbi dos Palmares, seguiremos até a Volta do Gasômetro, onde o evento se encerrará com uma saudação aos Orixás as 21hs.











Vamos neste dia formar um Mar de Ojás (pano branco que cobre o Ori) nas Ruas de Porto Alegre!!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

I MARCHA ESTADUAL PELA LIBERDADE RELIGIOSA




21 DE JANEIRO – Dia Nacional contra Intolerância ReligiosaMais uma vez o Povo do Àse Afro-Gaúcho se levanta para defender seus direitos.Já há muito tempo, a intolerância religiosa é pauta em todo o território nacional. Atrocidades tem sido cometidas em defesa de uma fé discriminadora, irracional e racista professada pelos seguimentos Neo-pentecostais e, sobretudo, pela da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) no Brasil afora, com o aval dos governos em todas as esferas. Desde 2003 discutimos a sacralização de animais em templos de Religião de Matrizes Africanas em virtude de Lei proposta por um Deputado evangélico na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Conseguimos modificar tal Lei, excetuando da mesma os cultos e liturgias das Religiões de Matrizes Africanas. Defensores de Animais, insuflados por evangélicos, entraram com uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) e na esfera estadual perderam. A Lei desde então está no Supremo Tribunal Federal nas mãos do Ministro Marco Aurélio Mello que por covardia ou omissão não a coloca em Pauta. A partir daí, enfrentamos mais lutas na esfera municipal envolvendo castração e esterilização de animais, bem como enquadrando práticas religiosas como agentes de poluição e impacto ambiental, tentando imputar multas a quem fosse pego fazendo oferendas para as divindades. Conseguimos vencer! Agora iniciaremos mais uma batalha contra o racismo religioso imposta por mais um Deputado Evangélico que propõe um projeto lei para discutir a Lei do Silencio, tendo por argumentação “templos religiosos”, não bastasse a venda criminosa à burguesia de um dos nossos locais de realização de atos mais sagrados e populares, como as margens do Guaíba – no Estaleiro Só.Precisamos estar vinte e quatro horas por dia atentos, pois a todo o momento podem surgir novas leis e ataques ao Povo Afro Religioso, inclusive de agressões físicas, como já tem sido cometidas não só no Estado do RS, mas por todo o Brasil. Se não tomarmos uma atitude, o Brasil se tornará em um novo Afeganistão. Por isso, no dia vinte um de janeiro de 2009, TODOS devemos ocupar as Ruas da Capital e protestar contra o ódio religioso e o processo de demonização engendrado pelos Neo-pentecostais às religiões de descendência de um Povo milenar que construiu este País e merece Respeito!Vamos neste dia formar um Mar de Ojás (pano branco que cobre o Ori) nas Ruas de Porto Alegre!!A Marcha sairá do Largo Glênio Peres às 18 horas(concentração à partir das 16h), que iniciará com uma saudação ao Bará do Mercado, ganhará a Borges de Medeiros até o Largo Zumbi (19h30min), onde se realizará um ato pelo respeito à Territorialidade e Ancestralidade negro-africana e em memória dos quilombolas “assassinados” no Quilombo dos Alpes, vitimados pela violência racista e dali seguiremos até a Volta do Gasômetro onde o evento se encerrará com uma Saudação aos Orixás em uma grande roda, quando será entregue um presente aos Orixás das águas às 21h.
CEDRAB-RS – Congregação em defesa das Religiões afro-brasileiras do estado do Rio Grande do Sul

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cartilha de postura contra preconceito religioso



Os casos de intolerância religiosa, a partir do próximo mês, estarão previstos e enquadrados num manual elaborado pelo coordenador do Instituto da Secretaria de Segurança Pública, Coronel Jorge da Silva, professor e representante da U.E.R.J. e será distribuído aos delegados e inspetores de todas as delegacias, para conscientização e sensibilização dos policiais, no enquadramento dos casos específicos sobre o assunto. A iniciativa é mais uma ação da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro que vem atuando ativamente na questão da garantia da manutenção da liberdade religiosa. O Manual de Ação Policial contra a Discriminação Racial, Étnica, Religiosa, de Origem ou Procedência Nacional objetiva prever casos exemplificados, com a legislação específica a ser aplicada, para enquadramento pelo policial. "Vamos assumir agora um compromisso, vamos fazer de tudo para mudar a situação de intolerância na qual nos encontramos", alerta o Coronel Silva. O Workshop foi realizado pela manhã nesta terça-feira, (2/12/2008), na Acadepol, e dirigido pelo delegado Henrique Pessoa chefe da Coordenadoria de Informação e Inteligência da Polícia Civil (Cinpol). Com a presença na mesa de debates do delegado Carlos Antonio de Oliveira, responsável pela Delegacia de Repressão de Armas Explosivas, do Coronel Jorge da Silva, ex-secretário de estado dos Direitos Humanos e atual coordenador de Pesquisa de Ordem Pública e Segurança Pública do Instituto da S.S.P e representante do reitor da U.E.R.J., como também do interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, o babalawô Ivanir dos Santos, o evento teve a participação de cerca de 180 pessoas entre religiosos, delegados, inspetores e representantes da sociedade civil."Pela primeira vez, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro assume a liderança neste processo de conscientização e sensibilização do seu efetivo, contra discriminação e intolerância. Esta iniciativa deveria ser seguida pelas polícias dos demais estados, pois este problema também é nacional", desabafa o babalawô Ivanir dos Santos.Para o delegado Antonio Carlos de Oliveira, que afirmou que racismo e intolerância religiosa fazem parte do seu contexto profissional há 23 anos, pois ele mesmo já foi vítima destes atos por ser afro-descendente e candomblecista. "A intolerância religiosa faz parte de todo um aparato repressivo. Costumo chamar a intolerância religiosa como intolerância correlata, montada há séculos, visando depreciar e olvidar as origens e culturas do negro", sentencia. E aproveitou para dar um breve histórico do processo de punição da estrutura jurídica penal em relação ao negro e à sua cultura. Henrique Pessoa destacou a necessidade do policial, no pleno exercício da sua função representar o estado como país laico. "Ele não pode colocar a sua convicção acima do que a Lei determina. A Polícia Civil deverá ser o padrão, o modelo para o Brasil na abordagem da questão da intolerância religiosa", conclui.
Fonte: Comissão de Combate à Intolerância Religiosa

IV ESCAMBO / III MOSTRA DE TALENTOS


Serviço:
FESTA TEMÁTICA
Dia: 21 de dezembro de 2008
Local:Largo Zumbi dos Palmares
Hora: 14h

A todos que quiserem participar construindo esta FESTA TEMÁTICA (IV ESCAMBO / III MOSTRA DE TALENTOS), informamos que poderão fazer sua inscrição (dança, música e artes) pelos seguintes telefones:

(51) 3352.8426 (com Regina)

(51) 3392.1546 (com Nara)

(51) 3224.7534 (à noite)

(51) 8137.6198 (com Elaine)

(51) 8412.6375 (com Cláudio)

Baba Diba de Iyemonja
Pùpó Àsé Àwá

http://www.babadybadeyemonja.blogspot.com

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Orixá Oxalá "Lissa"



O imenso respeito que o Grande Orixá inspira às pessoas das Religiões de Matriz Africana revela-se plenamente quando chega o momento da dança de Oxalá, durante o xiré dos Orixás. Com essa dança, fecha-se à noite, e os outros orixás presentes vão cercá-lo e sustentá-lo, levantando a bainha de sua roupa para evitar que ele a pise e venha a tropeçar. Oxalá e aqueles que o escoltam seguem o ritmo da “orquestra”, que interrompe a cadência em intervalos regulares, levando-os a dar alguns passos hesitantes, entrecortados de paradas, no decorrer dos quais o conjunto de orixás abaixa o corpo, deixa cair os braços e a cabeça, por um breve momento, como se estivessem cansados e sem força. Não é raro ver pessoas que, vindas como espectadoras, deixam-se tomar pelo ritmo, dançam e agitam-se em seus lugares, acompanhando o desfalecer do corpo e a retomada dos movimentos, conjuntamente com os orixás, num afã de comunhão com o Grande Orixá, aquele que foi, em tempos remotos, o Rei dos Igbôs, longe, bem longe, em Iluayê, a terra da África.

Texto de: Pierre Fatumbi Verger do livro Orixás

Comentário:
Esse texto de Pierre Verger é um dos melhores sobre as danças de Oxalá pois descreve bem o respeito que se tinha e como era feito há alguns anos atrás na religião dos Orixás realizada aqui no Sul, mas com o tempo podemos observar que quando chega o momento das danças de Oxalá a maioria dos Ilés já esta vazio, a maioria dos convidados já não estão presentes, ficando apenas os filhos do Ilê, como se o Orixá Oxalá não merece-se o devido respeito de todos. Mas nessa semana pude observar que nem tudo esta perdido pois presenciei um momento exatamente como sita Pierre Verge em seu texto, em um Ile de batuque, na Casa de Mãe Ynaia de Oxum, um momento de grande Asè desse Orixá enfim um afã de comunhão dos mais belos que vi nos últimos tempos, Parabéns a aqueles que mantém em evidencia os fundamentos e respeito pela nossa religião e nossas Divindades.
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Por Pai Léo de Oxalá


PS: Em dezembro estaremos de Obrigação no Kwe, portanto o blog só será atualizado apartir do dia 20 de dezembro.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"O NEGRO NA POESIA E NA MÚSICA"


RECITAL POÉTICO MUSICAL
"O NEGRO NA POESIA E NA MÚSICA"

"Tem Gente querendo chegar em algum destino, algum lugar; o lugar é a Feira do Livro, o destino." Solano Trindade

Recital poético onde o público pode conhecer a obra poética de escritores negros.A música, neste recital, serve para pontuar as poesias, que falam do universo afro – suas angústias, seus amores, seus temores e principalmente suas conquistas e sua dignidade.

Serviço:
Apresentação da 54ª Feira do Livro de POA
Data: 07/11/08 às 20hs
Local: Teatro Sancho Pança no cais do porto, entrada franca.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sabedoria Africana, Provérbios

"Um camelo não zomba da corcunda de outro camelo".
"Não importa quanto longa seja à noite, o dia virá certamente".
“É a água calma e silenciosa que afoga um homem”
"Ninguém experimenta a profundidade de um rio com os dois pés".
"O machado esquece, a árvore recorda".
“Como a ferida inflama o dedo, o pensamento inflama a mente”
“O dinheiro é mais afiado que uma faca”
“Tenha parentesco com a Hiena, e todas as hienas serão suas amigas”
“As lagrimas que descem pelo seu rosto não tiram sua visão”
“Se sua língua transformar-se em uma faca,cortará sua boca”
“Até que os Leões tenham suas historias, os contos de caça glorificarão sempre o caçador”
“Quando seu vizinho esta errado você aponta o dedo, mas quando você esta errado esconde”
“Quando as teias de aranha se juntam elas podem amarrar um leão”
“Se você danificar o caráter de outro, você danifica o seu próprio”
“A chuva bate na pele de um leopardo, mas não tira suas manchas”
“Quando você é rico, você é odiado, quando você é pobre, você é despresado.”
“Olorun esconde-se da mente do Homem, mas revela-se ao seu coração”
“Você não pode construir uma casa para o verão do ano passado”
"O conhecimento não é a coisa principal, mas as ações".
"Quando a lua não está cheia, as estrelas ficam mais brilhantes".
"Numa luta entre elefantes, o prejudicado é o capim".
"A união do rebanho obrigo o leão a ir dormir com fome".
"Nunca se esqueça das lições aprendidas na dor".
"Uma mentira estraga mil verdades".
"Um inimigo inteligente é melhor que um amigo estúpido".
"Quando o rato ri do gato, há um buraco perto".
"Ao construir uma casa, se um prego quebra, você deixa de construir, ou você muda o prego?".
"É melhor ser amado que temido".
"Aquele que não cultiva seu campo, morrerá de fome".

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Mito das Divindades Africanas



Para povos africanos, os acontecimentos do passado estão vivos nos mitos “Itans” falam de grandes acontecimentos, atos heróicos, descobertas e toda sorte de eventos dos quais a vida presente seria a continuação. Ao contrário da narrativa histórica, os mitos nem são datados nem mostram coerência entre si. Cada mito atende a uma necessidade de explicação tópica e justifica fatos e crenças que compõem a existência de quem o cultiva, o que não impede a existência de versões conflitantes, quando os fatos e interesses a justificar são diferentes. O mito fala do passado remoto que explica a vida no presente, mais que isso, que se refaz no presente. O tempo mítico expressa o passado distante, e fatos separados por um intervalo de tempo muito grande podem ser apresentados nos mitos como ocorrências de uma mesma época, concomitantes. Cada mito é autônomo e os personagens de um podem aparecer num outro mito com outras características e relações, às vezes contraditórias com as primeiras. Os mitos são narrativas parciais e sua reunião não propicia o desenho de nenhuma totalidade, pois não existe um fio narrativo na mitologia, como aquele que norteia a construção da história para os ocidentais. No mundo mítico, os eventos não se ajustam a um tempo contínuo e linear. O tempo do mito é o tempo das origens, e parece existir um tempo vazio entre o fato contado pelo mito e o tempo do narrador.
Bibliografia: Reginaldo Prandi ( O Tempo )

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

I ENCONTRO DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO GHC



A CEPPIR-GHC tem a honra de convidá-lo, para o I ENCONTRO DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA,á realizar-se no dia 17 de outubro de 2008 ás 15 horas, quando será lançada a participação dos Religiosos de Matriz Africana no espaço inter-religioso do Hospital Cristo Redentor. Esta é uma conquista histórica e sem precedentes no Brasil, fruto de uma construção conjunta com lideranças de Matriz africana que garante a livre expressão religiosa e acentua a condição Laica do estado.Salientamos que é a 1ª Instituição de Saúde no Brasil, a abrir um espaço Inter-religioso com a presença das religiões de Matriz Africana.

CEPPIR-GHCCEDRAB-RS
COMUNIDADE TERREIRA ILE AXÉ IYEMONJA OMI OLODO
COMUNIDADE TERREIRO ILE SALAH ABA IRETI AGANDJU IBEIJS OLA SÌ BO
REDE NACIONAL DE RELIGIÕES AFRO BRASILEIRA E SAÚDE – NUCLEO RS

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Demanda vencida!




O sacrifício de animais em cultos de origem africana foi autorizado na Câmara de Vereadores de Porto Alegre-RS. O projeto de lei complementar aprovado, dia 13 de setembro, desclassifica como ato lesivo, no Código Municipal de Limpeza Urbana, a deposição em locais públicos de animais mortos, normalmente utilizados em cultos e liturgias de religiões afros.Autor do projeto, o vereador Guilherme Barbosa (PT) disse que era necessário corrigir o erro trazido pela lei complementar, pois teria causado conseqüências negativas a atividades religiosas que utilizam o sacrifício de animais.

Importante salientar que isso não nos dá o direito de sair poluindo o meio ambiente, o bom senso é fundamental, quando necessário o despacho de aves e etc , procurar locais ermos não utilizar a via publica de movimento para despachos, não utilizar plásticos garrafas e etc. Vamos respeitar o meio ambiente e o cidadão que não é de nossa Religião.
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Por Pai Léo de Oxalá
Fonte: Jornal Bom Axe

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Homenagem a Mãe Oxum

Dia 8 de Dezembro, em Ipanema - Porto Alegre - RS, será realizada a festa em homenagem a Mãe Oxum.

Realização:

Prefeitura Municipal de Porto Alegre
Coordenação: Afrobras
Apoio: Confurbras.

domingo, 5 de outubro de 2008

PORTO POESIA 2


Nosso irmão Rodrigo Oná Abiase filho de Baba Diba, estará participando do 2° Porto Poesia, com o espetáculo – O negro na poesia e na música . Vamos prestigiar...

Serviço:
PORTO POESIA
Dia 06 à 12 de Outubro das 10h às 22h
Local: Shopping Total - Porto Alegre – RS - Av. Cristóvão Colombo, 545
TODAS ATIVIDADES COM ENTRADA FRANCA
Apresentação do Recital Poético dia 08/10 Quarta-feira 21:00 - 22:00 – Tronicx - O negro na poesia e na música – espetáculo com VERA LOPES, RODRIGO ONÁ ABIÀSE E GLAU BARROS.


Programação completa do Porto Poesia 2:
http://www.portopoesia.org/index.php/2o-edicao


sábado, 4 de outubro de 2008

Materia publicada no Jornal Bom Axé




Na edição Xangô n º 39 de setembro de 2008 do Jornal Bom Axé http://www.bomaxe.com.br/ , considerado o maior veiculo de comunicação das Religiões de Matriz Africanas do RS, foi publicada uma matéria minha sobre o Jeje com Aguidavis no RS, esta matéria faz parte de um trabalho de pesquisa sobre os Jejes do RS que ainda esta por concluir, mas na matéria do Jornal BomAxe, pode-se ver a parte do ritual do “toque” aos Voduns e Orixás, matéria essa que se torna de extrema importância pois muitos até então, desconheciam o ritual do Jeje, que se assemelha muito ao ritual pratica no antigo Daome, atual Benin na África.


Na imagem da matéria: Alabe Tio Valdir de Xangô, filho de Pai João de Esù Byi e Alabe Tiago filho carnal do Pai e Alabe Alfredo de Xangô. Foto de Mayra de Oxum Doko, no Ile de Esu Dare de Pai Tião.


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

ELEIÇÕES 2008



Meus Irmãos, pensem bem na hora de votar pois é hora e a vez de buscarmos nosso espaço na política para termos voz, pois quem faz as leis e vota a favor ou contra elas , são os políticos. Temos que ter uma representação política e nada melhor que seja um de nós, não aqueles que só aparecem em nossos Iles em época de eleição, para angariar votos, mas sim um Irmão nosso, um Babalorixá ou Yalorixá ou Omorixa da Religião de Matriz Africana, pois estamos perdendo espaço a cada dia para os Pentecostais e por conta disso aparecem àquelas leis arbitrárias que tolhem nosso direito de culto. Que Orumiláia abra nossos olhos e que Yemanja, nos una em um só pensamento, que devemos votar consciente. Um voto pela Matriz Africana, um voto pelo futuro de nossa Religião, um voto pela Liberdade Religiosa, Um voto por tudo que nossa Religião representa para nós todos, irmãos e filhos dos Orixás. Asè...Asè...Asè

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por Pai Léo de Oxalá

A Noticia triste:
RIO - Lançado a duas semanas das eleições, o livro "Plano de poder", do bispo Edir Macedo prega que Deus tem um plano político para os fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus e para os evangélicos que sejam seus aliados: governar o Brasil. Fundador e chefe da Igreja Universal, Edir Macedo incita os evangélicos à mobilização partidária, seguindo o "projeto de nação" que Deus teria sonhado para os hebreus, que ele chama de cristãos. É o que mostra reportagem de Tatiana Farah, publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO.
"Tudo é uma questão de engajamento, consenso e mobilização dos evangélicos. Nunca, em nenhum tempo da história do evangelho no Brasil, foi tão oportuno como agora chamá-los de forma incisiva a participar da política nacional", escreve Macedo, estimando em 40 milhões a comunidade de evangélicos no país. "A potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo, tanto no Legislativo, quanto no Executivo, em qualquer que seja o escalão, municipal, estadual ou federal".

O crescimento pentecostalismo:
três igrejas – Assembléia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e Universal do Reino de Deus – concentram 74% dos pentecostais, ou 13 milhões de pessoas (no ano 2000). Isso permite inferir que o êxito eleitoral da Assembléia de Deus e da Igreja Universal resulta, em parte, de seu peso demográfico.
A expansão pentecostal avança, igualmente, pelos campos assistencial, editorial, educacional, midiático e político partidário. A intenção é clara.

Parlamentares evangélicos:
O Brasil conta atualmente com 164 parlamentares evangélicos, entre vereadores, deputados estaduais e federais e senadores, distribuídos por 18 partidos. O PRB de Crivella é o que concentra a maior bancada evangélica: dos 28 eleitos, 17 são de grupos religiosos (61% de seus parlamentares). Criado em 2005, o partido, que tem na legenda o vice-presidente José Alencar, foi o que mais cresceu no ano passado, e é um dos ancoradouros dos pastores-candidatos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd)

Bibliografia:
Jornal O Globo
Religião e política, por Claudirene Aparecida de Paula Bandini
Pentecostais e política no Brasil, por Sociologo Ricardo Mariano

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O Tempo segundo a cosmovisão Africana Yoruba



A questão do tempo na sociedade iorubana tradicional, nos rituais de Candomblé e na sociedade capitalista.

Para o pensador africano John Mbiti, enquanto nas sociedades ocidentais o tempo pode ser concebido como algo a ser consumido, podendo ser vendido e comprado, como se fosse mercadoria ou serviço potenciais - dizemos ‘tempo é dinheiro!’ -, nas sociedades africanas tradicionais o tempo tem que ser criado ou produzido, acrescentando Mbiti que “o homem africano não é escravo do tempo, mas, ao invés disso, ele produz tanto tempo quanto queira”. Ele comenta que, por não conhecerem essa concepção, muitos estrangeiros ocidentais não raro julgam que os africanos estão sempre atrasados naquilo que fazem, enquanto outros dizem: “Ah! Esses africanos ficam aí sentados desperdiçando seu tempo na ociosidade” (Mbiti, 1990: 19). (…)

Nas palavras do nigeriano Wole Soyinka, prêmio Nobel de literatura, “o pensamento tradicional opera não uma sucessão linear de tempo mas uma realidade cíclica” (Soyinka, 1995: 10). Por isso, o tempo escalar, que se mede matematicamente, podendo ser somado, subtraído, dividido etc., não faz nenhum sentido para o pensamento africano tradicional. Para os ocidentais, o tempo é uma variável contínua, uma dimensão que tem realidade própria, que independe dos fatos, de tal modo que são os fatos que se justapõem à escala do tempo. É o tempo da precisão, que objetiva o cálculo, que viabiliza a projeção e fundamenta a racionalidade - tempo da ciência histórica e da modernidade. Nessa escala ocidental do tempo, os acontecimentos são enfileirados uns após outros, em seqüências que permitem organizá-los como anteriores e posteriores, uns como causa e outros como conseqüência, construindo-se uma cadeia de correlações e causações que conhecemos como história.

Para os africanos tradicionais, contudo, o tempo é uma composição dos eventos que já aconteceram ou que estão para acontecer imediatamente. É a reunião daquilo que já experimentamos como realizado, sendo que o passado, imediato, está intimamente ligado ao presente, do qual é parte, enquanto que o futuro, imediato, nada mais é que a continuação daquilo que já começou a acontecer no presente, não fazendo nenhum sentido a idéia do futuro como acontecimento remoto desligado de nossa realidade imediata. O futuro que se expressa na repetição cíclica dos fatos da natureza, como as estações, as colheitas vindouras, o envelhecer de cada um, é repetição do que já se conheceu, viveu e experimentou, não é futuro. Não há sucessão de fatos encadeados no passado distante, nem projeção do futuro; a idéia de história como a conhecemos no Ocidente não existe; a idéia de fazer planos para o futuro, de planejar os acontecimentos vindouros, é completamente estapafúrdia. Se o futuro é aquilo que não foi experimentado, ele não faz sentido nem pode ser controlado, pois o tempo é o tempo vivido, o tempo acumulado, o tempo acontecido.

Para os iorubás e outros povos africanos, os acontecimentos do passado estão vivos nos mitos, que falam de grandes acontecimentos, atos heróicos, descobertas e toda sorte de eventos dos quais a vida presente seria a continuação. Ao contrário da narrativa histórica, os mitos nem são datados nem mostram coerência entre si. Cada mito atende a uma necessidade de explicação tópica e justifica fatos e crenças que compõem a existência de quem o cultiva, o que não impede a existência de versões conflitantes, quando os fatos e interesses a justificar são diferentes. O mito fala do passado remoto que explica a vida no presente, mais que isso, que se refaz no presente. O tempo mítico expressa o passado distante, e fatos separados por um intervalo de tempo muito grande podem ser apresentados nos mitos como ocorrências de uma mesma época, concomitantes. Cada mito é autônomo e os personagens de um podem aparecer num outro mito com outras características e relações, às vezes contraditórias com as primeiras. Os mitos são narrativas parciais e sua reunião não propicia o desenho de nenhuma totalidade, pois não existe um fio narrativo na mitologia, como aquele que norteia a construção da história para os ocidentais. No mundo mítico, os eventos não se ajustam a um tempo contínuo e linear. O tempo do mito é o tempo das origens, e parece existir um tempo vazio entre o fato contado pelo mito e o tempo do narrador.

Para os iorubás, os mortos devem reencarnar e, enquanto esperam pelo renascimento, habitam o mundo dos que vão nascer, que é próximo do mundo aqui-e-agora, o mundo em que vivemos, o Aiê. Esse mundo do futuro imediato é atado ao presente pelo fato de que aquele que vai nascer de novo tem que permanecer vivo na memória de seus descendentes, participando de suas vidas e sendo por eles alimentados nos ritos sacrificiais, até o dia de seu renascimento como um novo membro de sua própria família. Para o homem, o mundo das realizações, da felicidade, da plenitude é o mundo do presente, o Aiê, não havendo prêmio nem punição no mundo dos que vão nascer, o mundo dos mortos, pois ali nada acontece. Os homens e mulheres pagam por seus crimes em vida e são punidos pelas instâncias humanas. As punições impostas aos humanos pelos deuses e antepassados por causa de atos maus igualmente não o atingem após a morte, mas se aplicam a toda a coletividade à qual o infrator pertence, e isso também acontece no Aiê, numa concepção ética que está focada na coletividade e não no indivíduo (Mbon, 1991: 102), não existindo a noção ocidental cristã de salvação no outro mundo nem a idéia de pecado. O outro mundo habitado pelos mortos é temporário, transitório, voltado para o presente dos humanos. Nem mesmo a vida espiritual tem expressão no futuro. Os mortos ilustres - fundadores de troncos familiares e de cidades, heróis, reis, conquistadores, grandes sacerdotes - podem vir a ser cultuados como antepassados, os egunguns, passando a habitar o passado mítico, o passado distante localizado no Orum, onde vivem os deuses orixás, dos quais muitos são antigos heróis divinizados, cujo culto se desprendeu dos limites da família e se generalizou, sendo incorporados ao passado mítico de todo um clã, uma cidade, um povo, podendo vir a ter altares erigidos em sua homenagem até mesmo do outro lado do oceano, como aconteceu com muitos orixás na América.


O passado remoto da narrativa mítica, que trata dos orixás e dos antepassados, é transmitido de geração a geração, por meio da oralidade, é ele que dá o sentido geral da vida para todos e fornece a identidade grupal e os valores e normas essenciais para a ação naquela sociedade, confundindo-se plenamente com a religião. Ensina Prigogine, prêmio Nobel de física, que o tempo cíclico é o tempo da natureza, o tempo reversível, e também o tempo da memória, o tempo mítico que não se perde, mas que se repõe. O tempo da história, em contrapartida, é o tempo irreversível, um tempo que não se liga nem à eternidade e nem ao eterno retorno. O tempo do mito e o tempo da memória descrevem um mesmo movimento de reposição: sai do presente, vai para o passado e volta ao presente, em que o futuro é apenas o tempo necessário para a reencarnação, o renascimento, o começar de novo. A religião é a ritualização dessa memória, desse tempo cíclico, ou seja, a representação no presente, através de símbolos e encenações ritualizadas, desse passado que garante a identidade do grupo - quem somos, de onde viemos, para onde vamos? É o tempo da tradição, da não mudança, da religião, a religião como fonte de identidade que reitera no cotidiano a memória ancestral. No candomblé, emblematicamente, quando o filho-de-santo entra em transe e incorpora um orixá, assumindo sua identidade, que é representada pela dança característica que lembra as aventuras míticas dessa divindade, é o passado remoto, coletivo, que aflora no presente para se mostrar vivo, o transe ritual repetindo o passado no presente, numa representação em carne e osso da memória coletiva.

Para os iorubás, uma vez que tudo é repetição, nada é novidade, aquilo que nos acontece hoje e que está prestes a acontecer no futuro imediato já foi experimentado antes por outro ser humano, por um antepassado, pelos próprios orixás. O oráculo de Ifá, praticado pelos babalaôs, baseia-se no conhecimento de um grande repertório de mitos que falam de toda sorte de fatos acontecidos no passado remoto e que voltam a acontecer, envolvendo personagens do presente. É sempre o passado que lança luz sobre o presente e o futuro imediato. Conhecer o passado é deter as fórmulas de controle dos acontecimentos da vida dos viventes. Esse passado mítico, que se refaz a cada instante no presente, é narrado pelos odus do oráculo de Ifá, preservados no Brasil pelo jogo de búzios das mães e pais-de-santo dos candomblés. O jogo de búzios é a leitura do tempo mítico que se refaz no presente. É olhar o presente com os olhos no passado.

A essa concepção africana de tempo estão intimamente associadas as idéias de aprendizado, saber, competência e hierarquia que podemos observar no candomblé. Para os africanos tradicionais, o conhecimento humano é entendido, sobretudo, como resultado do transcorrer inexorável da vida, do fruir do tempo, do construir da biografia. Sabe-se mais porque se é velho, porque se viveu o tempo necessário da aprendizagem. A aprendizagem não é uma esfera isolada da vida, como a nossa escola ocidental, mas um processo que se realiza a partir de dentro, participativamente. Aprende-se à medida que se faz, que se vive. Com o passar do tempo, os mais velhos vão acumulando um conhecimento a que o jovem só terá acesso quando tiver passado pelas mesmas experiências. Mesmo quando se trata de conhecimento especializado, o aprendizado é por imitação e repetição. As diferentes confrarias profissionais, especialmente as de caráter mágico e religioso, dividem as responsabilidades de acordo com a senioridade de seus membros e estabelecem ritos de passagem que marcam a superação de uma etapa de aprendizado para ingresso em outra, que, certamente, implica o acesso a novos conhecimentos, segredos ou mistérios da confraria.

Bibliografia:
Conferência proferida pelo professor Reginaldo Prandi
Pesquisador John Mbiti

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa




21 de Setembro - Domingo - 09:00 hs da manhã. Concentração na Praia do Leme.




Ninguém será discriminado por sua crença religiosa. Eu tenho fé.
A intolerância religiosa vem crescendo em todo o país. Já foram registrados diversos casos de ataques as religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé. Seus sacerdotes vêm sendo agredidos, ,sua religiosidade difamada em veículos de comunicação. Estudantes tem sofrido constrangimento e recebido ensinamentos com imposição curricular de outro credo. E até episódios de extremos vandalismo, invasão e demolição de templos, terreiros, casas-de-santo tornaram-se rotineiros. Nenhuma manifestação religiosa será ofendida sem o devido direito de resposta e punição. Eu tenho fé. Para defender o direito da liberdade de culto , organizações religiosas e da sociedade civil vão promover no dia 21 de setembro, a Caminhada pela Liberdade Religiosa, na orla de Copacabana. Esta iniciativa é uma resposta dos praticantes das religiões afro-brasileira que, em conjunto com outros setores, vem se mobilizar contra o fanatismo, o preconceito e a discriminação. A caminhada é um ato a favor da cidadania. É um movimento que acredita, como no tempo dos Quilombos, que o espírito de convivência pacífico e democrático pode ser incorporado pela população do estado do Rio de Janeiro. Nós temos fé!

Video da campanha sobre intolerancia Religiosa:




Baba Diba de Iyemonja estara na Caminhada pela Liberdade Religiosa no Rio de Janeiro, Representando a Comunidade Terreiro Ile Àsé Iyemonja Omi Olodo da Vila São José em Porto Alegre - RS, a CEDRAB-RS - Congregação em Defesa das religiões Afro Brasileiras do RS e a Africanamente - Centro de Pesquisa Resgate e preservação de Tradições Afrodescendentes, bem como a Comunidade Afro religiosa do estado.

sábado, 13 de setembro de 2008

Diversidade Religiosa


Em se falando em Fé o Brasil e o mundo são uma colcha de retalhos, mas uma coisa é certa Deus quer que seus filhos e filhas vivam em Paz, como irmãos e irmãs. Ou: Olorun quer, Ou: Mawu-Lissa quer, Ou: Alá quer, Ou: Javé quer. Deus, Olorun, Mawu Lissa, Alá, A Deusa, Brahman...São muitos os nomes pelos quais os seres humanos chamam o Criador. Mas a vontade dele é uma só: que seus filhos e filhas vivam em paz, como irmãos e irmãs. Se esta é a vontade do Criado , quem somos nós para desafiá-la? E, no entanto nos a desafiamos.Todas as vezes que discriminamos nosso semelhante por ele pensar diferente , ou faz suas faz suas preces de maneira diferente, ou chama o Criador por um nome diferente, nós desafiamos a Sua vontade. Porque Ele deu a seus filhos e filhas a maior de todas as graças: a capacidade de pensar. De pensar livre. De pensar diferente. Quem somos nós, então, para desafiar a vontade do Criador?.Discriminamos, ofendemos, praticamos atos de violência contra nosso semelhante, com a desculpa de que ele é "diferente". Foi assim no principio dos tempos. É assim nos dias de hoje.

Prevenir a intolerância é assumir que nenhuma verdade é única. É reconhecer que o outro tem livre arbítrio(...). Esse reconhecimento pressupõe garantir-lhe o direito de pensar, de crer, de amar, de doar,de rezar, de ser gente religiosa. Gente que exercita a missão sagrada de reconhecer no outro a imagem e semelhança de Deus, Olorum ou Javé.

A cartinha “Diversidade Religiosa e Direitos Humanos”


Cartilha promove reflexão sobre diversidade religiosa e direitos humanos Apresentação.

O Estado Brasileiro é laico. Isso significa que ele não deve ter, e não tem religião. Tem, sim, o dever de garantir a liberdade religiosa. Diz o artigo 5o, inciso VI, da Constituição: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.” A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual somos signatários. A pluralidade, construída por várias raças, culturas, religiões, permite que todos sejam iguais, cada um com suas diferenças. É o que faz do Brasil, Brasil. Certamente, deveríamos, pela diversidade de nossa origem, pela convivência entre os diferentes, servir de exemplo para o mundo. No Brasil de hoje, a intolerância religiosa não produz guerras, nem matanças. Entretanto, muitas vezes, o preconceito existe e se manifesta pela humilhação imposta àquele que é “diferente”. Outras vezes o preconceito se manifesta pela violência. No momento em que alguém é humilhado, discriminado, agredido devido à sua cor ou à sua crença, ele tem seus direitos constitucionais, seus direitos humanos violados; este alguém é vítima de um crime – e o Código Penal Brasileiro prevê punição para os criminosos.Invadir terreiros de umbanda e candomblé, que, além de locais sagrados de culto, são também guardiães da memória de povos arrancados da África e escravizados no Brasil; desrespeitar a espiritualidade dos povos indígenas, ou tentar impor a eles a visão de que sua religião é falsa; agredir os ciganos devido à sua etnia ou crença, mesmo motivo que os levou ao quase extermínio na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial: tudo isto é intolerância, é discriminação contra religiões. É o contrário do que pretende o Programa Nacional dos Direitos Humanos. O Programa Nacional dos Direitos Humanos pretende incentivar o diálogo entre os movimentos religiosos, para a construção de uma sociedade verdadeiramente pluralista, com base no reconhecimento e no respeito às diferenças.A presente cartilha, Diversidade Religiosa e Direitos Humanos, é o resultado de quase um ano e meio de um trabalho que contou com a participação de várias religiões, e que não se esgota aqui (outras colaborações podem ser conferidas no site (www.presidencia.gov.br/sedh). Esta cartilha é a continuidade das muitas ações de homens e mulheres de boa vontade e diferentes crenças, que, com suas palavras e seus atos, pretendem construir um país, um mundo melhor. Um país e um mundo em que ninguém sofra ou pratique injustiça contra seu semelhante. Um mundo e um país de todos.
Ministro Nilmário Miranda (Secretaria Especial dos Direitos Humanos)

Declaração Universal dos direitos humanos Art. XVIII
Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente,em público ou em particular.”

VI Jornada Estadual de Estudos Afro-Brasileiros - Edição 2008


VI Jornada Estadual de Estudos Afro-Brasileiros - Edição 2008
“PESQUISAS, ENSINO E EDUCAÇÃO: EM TORNO DA AFRO-DESCENDÊNCIA”

Dia 23 de setembro, o Memorial do Rio Grande do Sul dará inicio a mais uma edição da tradicional Jornada de Estudos Afros-Brasileiros. Em sua 6ª edição, o evento novamente se destaca por discutir os assuntos ligados a cultura negra, não só no Estado, mas no país. O tema desse ano será "Pesquisas, ensino e educação: em torno da Afrosdescendência".

Programação completa da jornada: http://www.memorial.rs.gov.br/temp/vijornada.pdf


terça-feira, 2 de setembro de 2008

Batuque, Religião de Matriz Africana.


No Estado do Rio Grande do Sul, a Religião de Matriz África, a Religião dos Orixás é popularmente conhecida como Batuque ou Nação. O Batuque é uma Religião de fundamento e cultura Africanas, provenientes da junção de raízes como Oyó, Ijesha (Tradição nagô), e Jeje (Tradição Fon) e Cabinda , é comum seus sacerdotes identificarem seu culto aos Orixás e/ou Voduns, como Jeje-Nagô, Jeje-Ijesa, Oyo-Jeje e Cabinda, porém na verdade, hoje a maioria das casas praticam uma única liturgia tendo como base o Jeje-Nagô, e compartilha dos mesmos cantos e fundamentos, diferenciando apenas algumas existências de qualidades de Orixás e Voduns a serem cultuados, como Legbá, Sogbo, Oxum Oloba etc, e a ordem de xirês e alguns modos de feitura e fundamentos específicos, não se tem noticias de culto a Nkisis apesar de se ter um grande numero de Iles que se denominando de Cabinda. Os cantos são na maioria em Yorubá e Fongbe, tocados com a mão em tambores com couro nas duas faces de corda trançada e também em alguns Iles de tradição Jeje temos o Jeje com aguidavis, muito semelhante ao executado no antigo Daome. No batuque, os orixás são montados com ferramentas, okutás, efos, sacrifícios e etc, tal como são realizados nos Terreiros de candomblé, porém, pouquíssimas qualidades de orixás são comuns entre os dois seguimentos. Entre seus participantes, não são feitos ou designados cargos de santo, onde o Babalorixá ou Yalorixá reina absoluto, exercendo plenos poderes em seus Ilés, geralmente de propriedade familiar/carnal. Nas cerimônias de axexe “aressum”, era comum serem despachados todos seus Ygbás (assentamentos/vasilhas), inclusive os do próprio Ilé, findando o Ile juntamente com seu antigo proprietário, porém hoje tem se verificado uma certa mudança, pois já existem Iles (casas), onde seus axés permanecem e, após consulta a Ifá “buzios”, é escolhido o sucessor do antigo sacerdote, dando prosseguimento a raiz, e a criação e/ou permanência de cargos como Pai pequeno ou Mãe pequena, o batuque assemelha-se muito as casas de Xangô de Recife e Jeje-Mahi, onde sua propagação no sul, surgiu através de Rio Grande e Pelotas, cidades berço da cultura afro no estado, devido ao porto e antigas fazendas com um enorme número de escravos, comercializados e mantidos naquela região, posteriormente, o mesmo teve sua introdução na capital, e com a vinda de um príncipe africano (Príncipe Custódio de Sapakta Erupe), onde fixou residência e auxiliou na propagação do culto em Porto Alegre, difundindo-o nas demais cidades metropolitanas, no batuque, os orixás raramente são vestidos com adornos, porém os mesmos dançam, ficam em estado de erê (axéêre/criança), são cultuados, presenteados e louvados, com saudações e toques acelerados dos tambores, especificamente de acordo com os orixás que estão sendo homenageados, em algumas festas, são feita encenações, baseadas na mitologia dos orixás envolvidos, muitos orixás só falam após receber permissão, onde são dadas após alguns anos em observação e preparação, através de testes e cerimônias reservadas e conhecidas como "axé de fala". as festas de batuque não são filmadas, tão pouco pode-se tirar fotos de orixás, (pessoas boladas/incorporadas), as raízes existentes são diagnosticadas através de seus sacerdotes e representantes ascendentes, ao invés dos Ilés, como é conhecido no candomblé, os oyés (graus de aprontamento), são dados em ciclos de tempo que pode variar conforme o Ile, onde são preparados e entregues os axés pertencentes aos mesmos, com seus fundamentos e ferramentas, como: obés ( faca / metal e autorização para o corte através de assentamento de ogun), entre outros como encantamentos de folhas, Ifá (jogo de búzios), etc. Nos dias de hoje é notório a diversidade no culto aos Orixás e Voduns no RS, onde a pureza de raiz não existe.




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por Pai Léo de Oxalá

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nada se compara



Nada se compara a você poder fazer algo aos Orixás exatamente como o seu ancestral fazia, não que se tenha mais ou menos fundamento, mas o sentimento é diferente.


“A Ancestralidade é nossa via de identidade histórica, sem ela, não sabemos o que somos e nunca saberemos o que queremos ser”

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A Exposição Cavalo de Santo



A exposição Cavalo de Santo – Religiões afro-gaúchas, em exibição no Santander Cultural – Unidade Porto Alegre a partir de 27 de agosto, retrata a força das religiões africanas no sul do Brasil. São 190 fotografias de autoria de Mirian Fichtner, que abordam rituais, festas, manifestações de fé, assim como as vertentes das religiões africanas: batuque, umbanda e linha cruzada.O mote da mostra é o resultado do censo de 2000 realizado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que constata que o Rio Grande do Sul é proporcionalmente a região do País que mais absorveu as religiões afros, – cerca de 1,6% da população – muito mais que estados como Rio de Janeiro e Bahia. Curiosa com a informação, a fotógrafa se dedicou a uma extensa pesquisa sobre o assunto.A exposição, composta por 40 fotografias emolduradas (75cm x 1,2m) e 150 fotos digitais, projetadas em monitores de TV, pode ser vista no Átrio do Santander Cultural até dia 19 de setembro, com entrada franca.Para a superintendente do Santander Cultural, Liliana Magalhães, Cavalo de Santo revela uma faceta religiosa que marca profundamente o povo gaúcho. "Foi principalmente por esta grande força cultural que abraçamos a exposição de Mirian Fichtner. Além disso, seu trabalho expressa uma linguagem estética fotográfica primorosa. Esta é uma das grandes realizações do Santander Cultural em 2008", afirma.Mirian nasceu em Porto Alegre e trabalhou em algumas das principais publicações do País, como Zero Hora, O Globo, O Dia, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Veja, Exame, Época e IstoÉ, entre outras. Conquistou oito prêmios nacionais e internacionais, realizou várias exposições e tem suas fotos publicadas em livros. Cavalo de Santo teve apoio do jornalista Carlos Caramez e do antropólogo Ari Pedro Oro, um dos maiores especialistas em religiões do País. O projeto prevê ainda o lançamento de um livro e um DVD.

Serviço:
Exposição: Cavalo de Santo – Religiões afro-gaúchas
Data: de 27 de agosto a 19 de setembro
ENTRADA FRANCA
Local: Átrio do Santander Cultural – Unidade Porto Alegre
Rua Sete de Setembro, 1028 – Porto Alegre, RS

Informações gentilmente cedidas por ERICK WOLFF

domingo, 24 de agosto de 2008

Governo Religioso?



Governo Religioso
Com o advento da compra do Asè, pagando uma pequena fortuna se tornou comum o dito governo, indivíduos alegam que seu Orixá pediu governo ou que já ganhou ($$$) o axé de governo do Pai ou Mãe de Santo, bem mas há mais coisas por de trás destas justificativas, o governo para esses indivíduos significa, ter o absoluto controle sobre tudo que acontece em seu Ile e seus atos como Religioso. Mas por que acontece isso? Por que ninguém mais quer dar satisfação de seus atos a ninguém, todos querem ser Pais e Mães de santo e ter o seu Governo e com isso autonomia total em seu Ile, ninguém quer ser filho de santo e passar por anos de aprendizado como deveria ser, antes de se aprontar e ter o titulo de Babablorixá ou Yalorixá, muitos esquecem que ninguém se faz sozinho e que ser um sacerdote significa aprendizado constante, aprendizado esse que o Baba ou Yia devem passar, o individuo que não passou pelo tempo de aprendizado, certamente não tem o devido conhecimento e ai estão... muitos Babas e Yias sem o preparo necessário e fica muito claro isso pois estão sempre na “balança” hora se destacam, hora estão na lama, a falta da bagagem Religiosa, de tempo de aprendizado no Ile do Baba ou Yia , traça um caminho em suas vidas que de forma alguma é linear, muitos desses compraram seu Asé em aprontes Express. Em minha opinião em quanto Pai ou Mãe de santo estão vivos não se tem governo absoluto, antigamente era diferente, só obtinha a liberdade parcial quem passou anos ao lado do seu Baba no aprendizado religioso e realmente se destacou como Religioso pela sua fé, dedicação, merecimento e seu conhecimento adquirido e mesmo assim o Baba acompanhava as obrigações desse filho, o filho ia fazer uma obrigação para seu Orixá e o seu Baba estava ao lado, as vezes o Filho já tinha a liberdade de se borir sozinho, mas sob os olhos de seu baba, portanto não tinha autonomia total, tinha sim que prestar contas ao seu Baba de seus atos e hoje, esta servindo mais para o Filho dispensar o Pai de santo e não ter que dar satisfação a ninguém de seus atos, acredito que assim perde-se a noção de família religiosa, que é a base da Religião dos Orixás. Pai ou Mãe de santo são para toda vida, e não somente enquanto vc esta com sua obrigação no Ilê deles, por isso que não vemos mais hoje a figura de uma pessoa antiga nos batuques, conhecemos os Pais e Mãe de santo de hoje só que ninguém sabe de onde eles vem, qual a raiz deles, em que bacia foram feitos, enfim e nem eles fazem questão de dizer , pois todos nós sabemos em que circunstancias, eles foram feitos, por isso sempre desconfio do tal governo. A importância da figura do Pai ou Mãe de santo no dia a dia e na porta do Peji nos dias de obrigações, caiu em desuso e com isso se criou o cargo de Padrinho da casa e renegam o seu asé de feitura. A importância da ancestralidade é fundamental, claro que à alguns casos de desacertos entre filhos e Pais, filhos esses que foram bem feitos e que tem bagagem Religiosa e mesmos afastados do Asé de origem continuam rezando sobre a mesma cartilha que aprenderam, não podemos generalizar de forma alguma, mas mesmo assim não se pode renegar as raízes Religiosas. Governo só se obtém após a morte do Baba ou Yia e se tiver orumalé completo com os devidos Axés de Obè e Ifa e se o individuo é cavalo de santo o Axé de fala.
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Texto de Pai Léo de Oxalá
Os textos postados aqui são baseados em minha vivencia religiosa e em pesquisas dentro do batuque, e descrevem apenas minha opinião, não querendo passar como verdade absoluta.

Provérbio africano:
"Quando não souberes para onde ir, olha para trás e saiba pelo menos de onde vens."

"o sangue e a ancestralidade não há como negar, não há como recuar, não há como recusar , nos eleva e identifica"

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O Mensageiro e o Destino


O Mensageiro e o Destino segundo a tradição Fon (Djedje).

Na tradição Fon o aspecto mais importante na vida é o destino, todos querem ter um bom destino mas para isso depende de nossas atitudes pois o destino pode ser cruel com alguns indivíduos, à lei do merecimento, de fazer por merecer e cumprir com suas obrigações com os seus deuses Voduns é primordial para um bom destino, destino esse ditado pelo criador Mawu-Lisa e desvendado pelo Vodun Fá o Vodun da adivinhação ou destino, destino esse misterioso e temível por muitos. Sendo assim Vondun Fá teria um papel quase que principal na vida dos indivíduos, a sorte lançada para sempre, mas essa palavra final não fica por conta dele, pois temos o mensageiro àquele que traduz a palavra do criador Mawu Lisa que é o Vodun Legbá filho do criador, que diferente dos demais Voduns do panteão Fon, não possui um domínio fixo, ele esta em todo lugar e em tudo, divindade do imprevisível, do inatribuível ele esta além do bem e do mal concebidos pela sociedade. Nêle, o bem e o mal se entrelaçam. Na organização do Panteão Vodun cada Vodun tem um domínio Fixo herdado pelo criador Mawu-Lisa, já Legba não possui um domínio fixo, mas mesmo assim não perde sua importância no panteão, pois o que poderia parecer que o Vodun legba é desprovido de um domínio, o torna o vodun da mobilidade, sendo o único que tem acesso a todos os domínios, pois é o mensageiro da palavra do criado Mawu Lisa, interlocutor entre os Voduns e o criador e interlocutor entre os voduns e os Homens, fazendo dele o personagem intermediário por excelência. Legba tem o papel de guardião do patrimônio divino, que lhe foi atribuído por por Mawu-Lisa, patrimônio esse que são os domínios que cada um dos voduns herdou do criador, portanto Legba não herdou nenhum desses domínios mas sim a guarda de todos os domínios para que haja a mobilidade e não seja um universo de caráter imutável, portanto mesmo sendo O Vodun Fá o vodun da adivinhação, representado como a palavra do criador (Mawu-Lissa), tudo depende de Legbá e o destino se torna manipulável através dele, nada poderá acontecer sem a intervenção de Legbá, de intérprete e mensageiro nenhuma comunicação entre os homens e Voduns e Voduns e o Criador pode acontecer sem a sua intermediação, ele da a mobilidade ao todo, nele esta a ordem e a desordem das coisas é o deus coletivo. Devido a esse seu poder quase que absoluto sobre a vida e a morte, sucesso e fracasso, riqueza e miséria, Legba é o mais temido e respeitado do Panteão Fon e o mais importante para o povo Fon.

Pai Léo de Oxalá

Bibliografias:

Nas Pegadas dos Voduns – Reginaldo Prandi
Orixás, Deuses Yorubas na África e no Novo Mundo – Pierre Fatumbi Verger
Legba e a dinâmica do panteão Vodun no Daome – Honorat
As Encruzilhadas: Legba & Ghede -The Loa of Vodun A Loa de Vodun – Charly Barbera
Wikipédia– Vodun Legbà
Vodun, o fenômeno em Benin – Barthéleny Zinzindohoue

sábado, 16 de agosto de 2008

Palestra com Prof. Norton
















Egbé Òrun Àiyé,
realizou palestra com o Antropólogo Norton F.Corrêa, onde tivemos a participação de vários religiosos e simpatizantes das Religiões de matriz Africana, realizada aqui no Sul.

Pai Léo de Oxalá
Coordenador de projetos do Egbé Òrun Àiyé -
Sociedade Afro-Brasileira para Estudos Teológicos e Filosóficos das Culturas Negras/RS.

E-mail do Egbe:
egbeorunaiye@yahoo.com.br

Blog do Egbe:
http://egbeorunaiye.blogspot.com/





sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O SEGREDO DE OXUM



O nascimento de um rio não acontece quando a água brota do solo e segue pela superfície da terra. Antes disso, uma seqüência de fatos desencadearam e influenciaram esse processo. Existe por traz do nascimento de um rio um enorme fundamento. Primeiro Olorum através do Sol aquece a água dos lagos e oceanos. Oxumarê com seu arco-Íris, leva a água em forma de vapor para as nuvens que ficam carregadas. Xangô anuncia com seu trovão, que Iansã está juntando ás nuvens com o vento mágico que surge quando ela balança suas saias. Quando as nuvens estão todas arrumadas, Xangô lança o Edun-Ará (pedra de raio) sobre a terra avisando a Odudúa que prepare seu ventre, pois a chuva irá cair. Ossãe pendura suas cabaças em Iroko para conter o líquido maravilhoso da vida. O momento sublime acontece. Numa sintonia perfeita de toda a natureza, a chuva cai, trazendo consigo toda força do céu e alimentando toda a terra. Odudúa absorve todo o líquido e cria um enorme lago no interior da terra, seu ventre. Quando a água acumulada se enche de força mineral (axé), Odudúa abre seu ventre e da vida à majestosa Oxum, que brotará do solo e deslizará sobre seu leito levando vida por toda a superfície da terra. Mais a frente água se acumulará de novo e tudo começará novamente. Assim como a vida de Oxum tem o seu segredo, nós negros e negras também temos o nosso. A nossa história não começa em 1500 com a chegada dos portugueses no Brasil. Antes disso, uma seqüência de fatos marcaram e até hoje influenciam nossas vidas. Existe por traz do aparecimento do povo negro no Brasil um enorme fundamento. Não somos descendentes de escravos, como dizem os livros escolares. Somos descendentes de civilizações africanas, de reinados fortes e poderosos. Somos descendentes de reis, rainhas, príncipes e princesas. Somos parentes de homens e mulheres que desenvolveram a escrita, a astrologia, a numerologia, às ciências e as pirâmides. Somos fruto de um povo que desenvolveu as técnicas agrícolas e que domina a medicina alternativa. Somos fruto de um povo que conhece as folhas e como despertar o poder delas, nosso povo sabe estar no Aiyê (Terra) sem perder a essência do Orum (Céu).
Matéria de Ricardo Andrade
Publicada na Edição 11 do Jornal Folha Popular

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Jeje-Nagô



O Jeje-Nagô no Rio Grande do Sul, pode ser comparado ao Jeje-Mahin do Maranhão, tanto pelo culto aos Voduns e Orixás no mesmo Terreiro “Ilê” , onde não se veste os Voduns / Orixás como acontece no Candomblé de Keto, a utilização dos aguidavis , a dança de jeje de par e tendo muita simplicidade nos templos e no ritual em si, assim como acontece no nosso batuque Jeje-Nagô. A mistura com a tradição Nagô/Yoruba não acontece apenas no Brasil, na Mãe África no antigo Daome região do povo Jeje (Fon/Ewe) alguns dos Voduns cultuados são de origem Nagô trazidos pelo povo Ewe que migrou da Região de Oyo, para o antigo Daome, trazendo consigo seus Deuses Orixás, que no antigo Daome acabaram sendo chamados pela nomenclatura Fongbe de Voduns. Portanto essa diversidade no culto vem desde a África e seria impossível desfazê-la, no Brasil quase não se tem noticias de terreiros que cultuem apenas Voduns e sendo alguns Voduns de origem Nagô, não podemos falar de pureza no Jeje do Brasil, pois não existe.

Bem no Rs o nome mais conceituado da Nação Jeje, sem duvida alguma é o Saudoso Pai João Correa de Lima (Joãozinho de Esú By) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina, que formou grandes nomes do batuque de ontem e de hoje e seu Asè permanece vivo e dando frutos e seu nome e fundamentos sempre mantidos em evidencia com muito orgulho, mais isso só acontece pela ótima formação que ele deu aos seus filhos. Não concordo com alguns escritores que afirmam que nunca se ouviu falar de Vodun no estado, certamente em suas pesquisas não foram em nenhum Ile de algum filho ou filha de santo de Pai João. Creio também que o erro foi nosso em utilizar a nomenclatura Orixá da tradição Nagô do dialeto Yoruba, para descrever alguns dos nossos Deuses Voduns, assim a palavra caiu no esquecimento , mas o certo que mesmo utilizando a nomenclatura Orixá, na sua essência são Voduns. E ainda me atrevo a dizer, que a base do batuque realizado hoje aqui no estado, é Jeje com tradição Nagô (Oyo e Ijesá), pois em muitos Iles que não se dizem de Jeje , executam cantos aos voduns Legba, Sapakta, Sogbo, Lissa entre outros e também fazem feituras a esses voduns, o próprio culto a Ogun que no RS sua feitura é em vulto de Cobra em ferro, lembra muito o Culto ao vodun Dan/Bessen , pois também é um vulto de uma cobra e não existindo na Região Nagô da África e no Candomblé a feitura de Ogun em vulto de Cobra, fica clara a existência da diversidade, O agê, o agogô também de tradição Jeje, estam presentes na maioria dos Iles de Batuque. Lembramos que é impossível se falar em pureza de nação no batuque. E essa diversidade é decorrente da própria diversidade religiosa e cultural do continente Africano.
Texto de Pai Léo de Oxalá

sábado, 28 de junho de 2008

O que é o Jeje com aguidavis?


O Jeje com aguidavis

O Dentro das nações cultuadas no Rio Grande do Sul, o Jeje-Nagô, da bacia de Pai João de Esù Ni (Biy) e outras bacias do Jeje, alguns Iles ainda mantém vivo o Fundamento de completar seus Sirès com toques de Jeje com aguidavis (aquidavis), assim como eram realizados no antigo Daome atual Benin na Africa, cito Pai Pirica e filhos , Pai Tião de Esù Dare e filhos, Pai Léo de Oxalá entre outros, mas infelizmente são poucos que conseguem manter esse fundamento, um dos problemas encontrados na realização do toque com Aguidavis, é que são poucos os Alabes que sabem utilizar o aguidavis, a ordem do Sire e orins em Fongbe, dentro do Estado.


Aguidavis/ Akidavis/ D’avenin:
Aguidavis são varetas feitas de madeira, aqui no Sul é costume utilizar Cambuim ou na falta a goiabeira como matéria prima para confecção dos aguidavis, e com essas varetas e com a mão é que são tocados os tambores. Sendo essas varetas diferentes das utilizadas no Candomblé de Keto, tanto no tamanho, quanto na espessura e comprimento, os aguidavis de Jeje são mais curtos de espessura grossa e não são retos, sendo algumas tortos na ponta que são chamadas de aguidavis de volta, o que redobra.

No antigo Daome Existem três tipos de akidavis: o primeiro é D’ele, que é uma vareta longa cortada angularmente, e que normalmente, é usada com os tambores menores e posicionados entre as pernas com o couro para frente e a ressonância para trás; o segundo é o D’humpi que são as varetas arredondadas, normalmente tiradas de árvores sagradas como a gameleira branca, baobá ou árvore de cola, que são utilizadas com diversos diâmetros para os tambores de médio a grande porte; o terceiro, o D’Avenin, são varetas com a ponta curvada e que são tocadas com os tambores cujo couros estão em ambos os lados Segundo os velhos bokonos do Daome, o grande tambor é tocado com par de D’avenin tirado da árvore sagrada do kwe, especialmente feitos por vodunsis virgens.


Tambores:
São dois tambores o humpli e o gumpli os dois são de tamanhos diferentes justamente para ter um som diferente e de tamanho bem pequeno comparado aos tambores utilizados no Nagô (Oyo,Ijesa) do RGS, mas com duas faces, com os couros em ambos os lados um lado representa o djenunkon (céu) e o outro a aikunguman (terra). O Huntó “Alabe Chefe” utiliza apenas um aguidavi e a mão para executar o toque no tambor humpli esse é o tambor solista e realiza pequenas variações sobre o ritmo constante ‘redobra”,sustentado pelo o segundo tambor chamado de gumpli que só marca o ritmo, nesse tambor são utilizados um par de aguidavis.

No antigo Daome atual Benin são utilizados três tambores, dois com couro nas duas faces e um tambor em tamanho grande que pode ser comparado a Inhã, mas com couro apenas em uma face e é também tocado com um aguidavi.


Gan :

Gan: é um instrumento feito de ferro em formato (U) parecido com uma ferradura, fechada em ambos os lados com uma abertura frontal onde sai o som, e sua utilização é parecida com o Agogô sendo que o Gan é feito de um metal mais duro e o som não é tão estridente com o do Agogô. O Gan é tocado com um aguidavi e pela pessoa que entoa as “rezas”, Pai Tião faz isso com maestria ditando o ritmo do tambor, nem sempre quem entoa as rezas é os Huntó “Alabe chefe”. E tanto, os tambores quanto o Gan são acompanhados de Ages, assim como é no Benin.

O batuque:
Todos que já participaram se encantam com tal obrigação, o toque se inicia com os cantos ao Vodun Legba, e a maioria das “rezas” são entoadas em Fongbe e são dançadas em pares, um de frente para o outro, conhecido como Jeje de Par. A balança para os Jejes é dedicada ao Vodun Sogbo, não sendo o mesmo Orin cantado nos Iles de tradição Nagô mas a maneira de armar, digo a ordem da balança é igual, a dança também, todos de mãos dadas e movimentos para frente e para trás só que em um ritmo mais rápido que uma balança Nagô, sendo entoando a “reza” ao Vodun Sogbo. Os cantos vão até o Vodun Lissa “Oxalá” como é na tradição Nagô do RS “de Bara a Oxalá” . Após o termino do Jeje com aguidavis se inicia o batuque Nagô normalmente, mas não é realizada balança, pois a mesma já foi realizada no toque de Jeje com aguidavis, não sendo necessário à repetição, a tradição diz que nesse toque deve ser apenas entoados os Orins de Nagô em Yoruba, mas hoje em dia também são cantadas algumas rezas de Jeje em Fongbe durante o sire Nagô.


Texto de Pai Leo de Oxalá

Na fotografia: Alabe Tio Valdir de Xangô, filho de Pai João de Esù Byi e Alabe Tiago de Oxala filho carnal do Pai e Alabe Alfredo de Xangô


Fongbe - Dialeto Fon, “dialeto dos Jejes”
Tradição Nagô – Oyo e Ijesa dialeto Yoruba