sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A VERDADE E A MENTIRA NUM CONTO IORUBA

Lembro aqui uma lenda africana sobre a criação do mundo.

Diz assim: Olofi,
o Senhor que tudo criou - o bem e o mal, o bonito e o feio, o claro e o escuro, o grande e o pequeno, o cheio e o vazio, o alto e o baixo - criou também a Verdade e a Mentira. Fez, no entanto, a Verdade forte, marcante, bela, luminosa, e fez a Mentira fraca, feia, opaca. Ao ver assim a Mentira, deu a ela uma foice com a qual pudesse se defender. A Mentira sentiu inveja da Verdade e queria eliminá-la. Certa ocasião a Mentira se defrontou com a Verdade e a desacatou. Brigaram. Empunhando sua foice, a Mentira, com um golpe, degolou a Verdade. Esta, vendo-se sem cabeça, começou a procurá-la tateando por volta. Apalpa um crânio que supõe ser seu. Com esforço agarra-o e o arrancando de onde estava, coloca-o sobre seu pescoço. Mas aquela era a cabeça da Mentira. Desde então, a verdade anda por aí enganando toda a gente.

(Cf. Dulce Mara Critelli, Ontologia do Cotidiano ou Resgate do Ser:
Poética Heideggeriana, PUC-SP, Centro de Estudos Fenomenológicos de
São Paulo).

Nenhum comentário: